Hoje o assunto internacional que mais chama atenção das pessoas, especialmente nas redes sociais, e da mídia é um possível conflito armado entre os EUA e a Coréia do Norte, principalmente devido as ameaças do ditador norte-coreano de utilizar armas nucleares contra os EUA e seus aliados japoneses e sul-coreanos.
Para entendermos esse possível conflito é necessário entendermos o que é a Coréia do Norte e a Coréia do Sul e como elas se originaram, por que a Coréia não é apenas uma, unificada? Antes de fazer uma análise desse possível novo conflito, me permitam fazer um breve resumo histórico que explicam essas questões.
BACKGROUND HISTÓRICO
De 1910 até o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, a Coréia era ocupada pelo Japão. Porém com o final da guerra, com a derrota japonesa e a consequente vitória dos EUA e União Soviética em 1945, a Coréia foi dividia em duas no paralelo 38, a parte do sul ficava sob a influência americana e a parte do norte sob a influência soviética. Porém havia um acordo entre EUA e União Soviética de que em 1950 haveriam eleições no país, ambos os países retirariam suas tropas e o país voltaria a ser unificado.
Entre 1945 e 1950 os líderes de ambas as Coréias queriam que o país voltasse a ser unificado, porém cada um queria que fosse sob sua liderança. O líder do Sul era anticomunista e o líder norte-coreano era comunista, o que levou a uma escalada da rivalidade e aumento das tensões – houve muita tensão política interna, com muitos conflitos da população civil com as forças policiais e militares, em ambos os lados. Quando as eleições se aproximavam, tantos os EUA quanto a União Soviética decidiram honrar o acordo e retirar as tropas da Coréia, porém a União Soviética deixou o exército do norte muito bem armado, já os EUA não fizeram o mesmo com o exército do Sul. Logo a Coréia do Norte – chamada formalmente de República Popular Democrática da Coréia – invadiria a despreparada Coréia do Sul – chamada formalmente de República da Coréia.
Assim o Norte conquistou quase toda a península coreana, foi quando os EUA conseguiram aprovar uma resolução na ONU de intervenção militar contra a Coréia do Norte. Aprovar essa resolução só foi possível porque a União Soviética boicotou a reunião e acabou por não vetar, já a China (aliada da Coréia do Norte) tinha recém passado por uma guerra civil e o governo chinês, que era reconhecido pela ONU, era aquele que perderá a guerra e estava exilado na ilha de Taiwan, governo esse que não tinha mais controle de facto sobre a China. Em menos de um ano os americanos e os sul coreanos recuperaram a Coréia do Sul e conquistaram quase toda a Coréia do Norte. Então os chineses entraram na guerra, com milhões de soldados, ao lado dos norte coreanos e os soviéticos entraram com apoio aéreo e de suprimentos, equilibrando o conflito e reconquistando a Coréia do Norte e até mesmo partes da Coréia do Sul. Com esse equilíbrio de forças foi assinado um armistício – o que tecnicamente não é um acordo de paz, mas um acordo que põe fim os conflitos –, mantendo a divisão da Coréia entre Norte e Sul no mesmo paralelo 38. Apesar do armistício, o clima entre o Sul e o Norte sempre foi tenso e eles nunca assinaram um acordo de paz.
De lá para cá o Norte continuou com seu governo comunista, tendo sido aliado e recebendo ajuda da China e da União Soviética, até o fim desta em 1991. Já o Sul adotou um modelo econômico capitalista de livre mercado, tendo grande êxito e um grande desenvolvimento econômico e tecnológico, sendo hoje um país exemplo em desenvolvimento humano. Um fato curioso de se notar é que antes da Guerra da Coréia, a Coréia do Norte era mais prospera que a Coréia do Sul, depois de mais de 60 anos de regime comunista no Norte e de livre mercado no Sul, o Norte é um dos países mais pobres do mundo e o Sul um dos mais prósperos.
A ATUAL CORÉIA DO NORTE E A NOVA POSTURA AMERICANA
A Coréia do Norte é um país altamente militarizado e fechado, enquanto sua população passa fome, o governo gasta quase tudo que arrecada nas suas forças armadas, na pesquisa e produção de armas nuclear e mísseis balísticos, sem contar os gastos excessivos do seu ditador Kim Jong-un em artigos de luxo, todos importados do ocidentes, o qual ele tanto diz odiar. Além dos artigos de luxo ocidentais, ele também costuma “importar” prostitutas ocidentais e até mesmo já organizou alguns jogos de basquete com astros da NBA (entre eles o caricato Dennis Rodman) pra que ele pudesse assistir, tudo as custas dos pobres norte-coreanos.
Kim Jong-un, assumiu em 2011, depois da morte de seu pai. Quando assumiu o governo da Coréia do Norte, os EUA já eram governados pelo receoso Barack Obama, o qual não tomou nenhuma medida mais dura contra os anseios nucleares deste país, então o ditador norte-coreano fez o que quis para desenvolver armas nucleares e mísseis balísticos. Hoje, entende-se que a Coréia do Norte realmente possui armas nucleares e mísseis capaz de transporta-las até um alvo no Japão ou na Coréia do Sul, porém muito provavelmente ainda não tenha capacidade de atingir os EUA.
Me parece que a postura do novo líder americano, Donald Trump, seja a de intervir na Coréia do Norte antes que seja tarde demais. É claro que essa postura mais rígida traz riscos de uma nova guerra entre EUA e Coréia do Norte, porém entendo que é melhor fazer alguma coisa agora, quando suas armas nucleares e seus mísseis tenham eficácia duvidosa e que os EUA sejam capaz de neutraliza-los, do que mais tarde quando ele poderá atacar e devastar a Coréia do Sul, o Japão e até mesmo os EUA e a Europa. Os EUA e o mundo civilizado não podem mais ficar inertes, assistindo que esse “gordinho maluco” possa ter tamanha capacidade destrutiva e é fundamental que seus aliados, Rússia e China, compreendam isso.
A postura politicamente correta com qual os abusos de Kim Jong-un foi tratado até agora não surtiram efeito. De nada adiantou as Coréias entrarem com uma só bandeira na abertura dos Jogos Olímpicos, tampouco adiantou soltar pombas brancas ou até mesmo sanções econômicas, pois a sandice de Kim Jong-un em escravizar seu povo e ameaçar seus vizinhos, os EUA e o ocidente parece não ter limites. Talvez seja hora de voltar a unir a Coréia em uma só, com a liderança do Seul – processo similar ao que foi enfrentado pela Alemanha ao unificar o leste e oeste –, que levaria paz e prosperidade ao povo oprimido do Norte, nem que pra isso seja necessário enfrentar militarmente a Coréia do Norte, mesmo com os riscos existentes pois estes só tendem a aumentar a cada dia que passa.