O cantor sertanejo Antônio Marcos Bueno, acusado de matar a companheira com dez facadas no ano passado, é julgado nesta terça-feira (1º) no Fórum de Araraquara (SP).
O julgamento começou por volta das 10h e sete pessoas foram sorteadas para compor o júri popular. Além do réu, outras quatro testemunhas também serão ouvidas durante o dia, entre elas, parentes da vítima Camila Lourenço, de 32 anos.
Antes do início do julgamento, um grupo de mulheres, familiares e amigos de Camila fez uma manifestação em frente ao Fórum pedindo por justiça.
Procurados pela EPTV, afiliada da TV Globo, os advogados de defesa de Bueno não quiseram comentar o julgamento nesta terça-feira (1º).
O crime
Camila foi assassinada em uma casa no Jardim Higienópolis em abril de 2018. De acordo com a Polícia Militar, o crime aconteceu por volta das 15h, na Avenida Alberto Santos Dumont.
A vítima, que era gerente de uma esmalteria, foi até a casa onde o suspeito estava morando com a mãe. Após uma discussão do casal, o homem desferiu as facadas e Camila morreu no local. O cantor fugiu.
A mãe do suspeito e outra testemunha também ficaram feridas ao tentar contê-lo. Elas foram socorridas por uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Segundo a delegada Meirelene de Castro Rodrigues, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Camila nunca tinha registrado uma denúncia de agressão ou ameaça contra o companheiro, mas ele já tinha sido denunciado em outro relacionamento.
Casal estava separado
Camila foi enterrada na manhã de 10 de abril. O cantor foi preso na noite do dia anterior e confessou o crime, que foi motivado pelo término do relacionamento. O casal vivia junto há cinco meses e há duas semanas havia se separado.
Para a prima de Camila e comunicóloga Jeyce Araujo Sobral, Bueno tinha sentimento de posse sobre a gerente.
“Uma possessão que ele sentia sobre ela, que muitos homens sentem sobre as mulheres, que são proprietários. Essa tentativa de término acaba trazendo essa revolta nele, sabe. Aquela sensação de que se você não for minha, não vai ser de mais ninguém”, disse.
O cantor foi encontrado após a Polícia Civil receber várias denúncias. Ele estava uma casa vazia na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, na Vila Xavier. Armado com uma faca de cozinha, ele tinha vários machucados na mão.
“Ele não aparentava estar embriagado e tinha lesões profundas nas duas mãos. Ele próprio admitiu que se lesionou ao desferir as facadas. Ele também tinha marcas de sangue que eram da vítima. Inclusive ele havia retirado a roupa que estava toda suja de sangue", contou a delegada.
Segundo Meirelene, o suspeito afirmou que não recebeu ajuda de ninguém e que estava escondido esperando para ver o que poderia fazer.